ANENCÉFALOS

Muitos dos que votaram no PT, sem pertencer ao partido e sem ser dele militantes o fizeram em busca da moralidade política, coisa rara neste país dominado por coronéis jurássicos ou modernosos, desde 1500.

Havia, à época da eleição de Lula para presidente, muito constrangimento em relação às práticas políticas e à arrogância dos políticos que, para os cidadãos, insistiam em se julgar num imaginário Olimpo enquanto os humanos aqui por baixo lhes rendiam homenagens pecuniárias cada vez maiores, em busca de alguma graça, raramente concedida aos não iniciados.

A insatisfação levou à busca de outro caminho em que, supostamente, aqueles deixados à margem da vontade do deuses pudessem também se fazer ouvir. Este foi o caminho trilhado pelos eleitores de Lula da Silva, entre os quais, vergonhosamente, me incluo.

Foi uma escolha pautada pela cegueira, pela ignorância, pela ingenuidade, ou qualquer outro nome se queira dar a mais profunda burrice porque, vindo de onde veio, do sindicalismo parasitário, indecente e auto-protetor, Lula não poderia jamais representar o cidadão comum, que trabalha e sustenta com seu suor, a família e o país.

No início, apesar da incapacidade percebida desde a vitória nas eleições, apesar da falta de projeto político, apesar da falta de perspectivas visíveis para o país, o falso operário, o falso pobre, o falso trabalhador empolgou os inocentes, incentivou os delirantes e fortaleceu os desonestos. Estes mesmos que, ainda hoje, diante de todos os escândalos e “erros” acreditam em seus delírios falaciosos. Porque ele, o líder das massas trabalhadoras, finge o delírio. Ele não delira, finge. Quem delira são seus seguidores.

Hoje, vidas, carreiras e reputações são imoladas no altar da incompetência, da amoralidade e do engano contumaz. Homens e mulheres desfazem suas vidas em favor do líder, o único, o eleito, porque sabem que ele os protegerá, os guardará, ovelhas que são, do seu rebanho amoral.

Enquanto isso, os crédulos, os famintos, os ingênuos, os ignorantes, continuarão, como sempre, a beijar os pés de lama do seu feitor, em troca de uma bolsa-esmola e da ilusão de serem representados por aquele que há muito tempo deixou de ser trabalhador ou operário e que repudia sua origem nordestina, dizendo-se filho de São Paulo.

Hoje, aqueles que acreditaram no lulo-petismo e que ainda mantêm um mínimo de vergonha na cara (perdão) se indagam sobre sua cegueira. Estes, ainda pensam por si. Os mais tristes são os cegos que não querem ver, aqueles que se tornaram anencéfalos e pensam como elle.

10 comentários:

Anônimo disse...

esse conformismo, essa aceitação cega diante de tudo que ocorre no país é deprimente, mas muitas vezes me pergunto se essa não é uma reação por total falta de opção

Anônimo disse...

Saramar,

Eu também fico pasmada de ver pessoas que conhecem bem o PT, sabem dos crimes que esse partido cometeu e comete, que mesmo defendendo, (ao menos de fachada), todos os valores cristãos, dizem que vão votar em Lula porque Alckmin é o candidato das elites, logo eles que não precisam se preocupar com o preço de nada, que nunca vão perder seus empregos, nem sabem o que é sustentar uma família, muito menos ter a responsabilidade do futuro de uma empresa e seus funcionários...

Gente simples e iludida eu entendo, mas pessoas esclarecidas e bem informadas, que ajudaram na construção disso que esta aí, sabedoras dos caminhos que percorreram, não terem humildade para se arrepender e começar de novo, não dá para desculpar.


Lula já era, ele foi longe de mais na sua rota insana.

Anônimo disse...

E bobagem ter vergonha de ter votado em Lula. Na epoca havia a impressao de que todos eram iguais e votar em um quem se dizia diferente era natural. Mas, se no momento de tomar uma decisao, todos soubessemos tudo o que existe pra saber, ninguem faria besteira. "Se naquela epoca eu soubesse o que sei agora..." e um pensamento recorrente e torturante. Aqueles que votam em Lula agora, quando se sabe muito mais do que seria necessario pra nao faze-lo, concordam com suas praticas. Nesse caso...

tunico disse...

Saramar, eu nunca votei neles. Conheço bem essa turminha. São 26 anos tentando fazer ver os outros quem é o PT. Tive muitas vitórias.As mais importantes: meu pai e duas de minhas irmãs.Em 2002, quando publicaram a famosa "Carta ao Povo Brasileiro",pressenti que iriam fazer de tudo para chegar ao poder e de lá não sair mais.

Anônimo disse...

Agora que resolvi bater no Luladrão, você some do meu blógui. Tsc. Você usa roupas íntimas vermelhas. ;-)

Pata disse...

Saramar querida!

Nunca votei nele!
Simplesmente porque tudo nele me soava muito falso.
Depois de vencida aceitei numa boa e confesso que bem no início achei que uma mudança "meio radical" poderia ser interessante. Senti que fechamos os olhos rumo ao desconhecido.
Mas agora já se sabe tudo ou quase tudo, e é isso que não dá para entender.

Como é que pode! Pessoas defendendo e se identicando com esse modelo como se fosse um modelo normal.

Não acredito em pesquisas e que o povo aceite tudo isso com naturalidade.

Só pode ser uma tremenda armação, prefiro pensar assim.

Um bom final de semana!
Bjs.

Anônimo disse...

Saramar,eu queria tanto mandar este seu post pra algumas pessoas ( poucas,graças a deus ),mas ja me desentendio com tantas pessoas nesta campanha,que corro o risco de perder a amizade,o contacto,ou seja la o que for.
Mais uma vez,PARABENS!!
Beijão!!

Anônimo disse...

ARNALDO JABOR
Qual é a origem do dinheiro?
O debate de domingo serviu para vermos dois lados do Brasil. De um lado, a busca de um "choque de capitalismo", de outro um delirante choque de um socialismo degradado em populismo estatista, num getulismo tardio. De um lado, São Paulo e a complexa experiência de um estado industrializado, rico e privatista e, do outro, a voz de grotões onde o Estado ainda é o provedor dos vassalos famintos. De um lado, a teimosa demanda de Alckmin pelo concreto da administração pública e, do outro lado, o Lula apelando para pretextos utópicos, preferindo rolar na retórica de símbolo, lendo constrangido estatísticas e citando obras quem nem foram iniciadas. Alckmin foi incisivo; Lula foi evasivo. Lula saiu da arrogância do primeiro turno para o papel de "sóbrio estadista injustiçado". Mas não deu para esconder seu mau humor quase ofendido, por ter de dialogar ali com aquele "burguês", limpinho, sem barba. Faltou-lhe a convicção de suas afirmações, pois seu "amor ao povo" não teve a energia de antes. Gaguejou, tremeu, suas frases peremptórias não tinham ritmo, não tinham "punch line", não "fechavam", enquanto Alckmin parecia um cronômetro, crescendo no ritmo e concluindo com fragor.

Lula estava rombudo, Alckmin era um estilete. Lula estava deprimido porque raramente foi contestado assim, ao vivo. Sempre recuamos diante do sagrado "Lulinha do povo", imagem que se rompeu domingo. Houve um leve sabor de sacrilégio na acusação do agora agressivo "picolé de chuchu". Alckmin rompeu a blindagem do Lula, protegido dos escândalos. Alckmin atacou a intocabilidade do operário sagrado e tratou-o como cidadão. Isso. O Lula perdeu um pouco da aura de "ungido de Deus". Lula sempre se disse "igual" a nós ou ao "povo", mas sempre do alto de uma intocabilidade, como se ele estivesse "fora da política". Sempre houve um temor reverencial por sua origem pobre; qualquer crítica mais acerba soava como ataque da "elite reacionária que não suporta um operário no poder", como clamam tantos lulo-colunistas e artistas burros. Quando apertou o cerco, Lula tentou se valer dos pobres, dos humildes, falou da mãe analfabeta, mas sempre evitou responder qualquer pergunta concreta, como se a concretude fosse uma ofensa a seu mundo ideológico puro, acima da vida "comum". Várias vezes, suas falas não faziam sentido, porém mantinham para o espectador acrítico aquele ronronar grosso que empresta um ritmo de fundo em torno da sua imagem de "símbolo dos pobres". Lula não precisa dizer a verdade; basta parecer. Sempre que o Alckmin o encostava na parede, ele chamava as verdades proferidas de "leviandades", o que é muito comum no vocabulário petista que nomeia de "erros" os crimes cometidos ou de "meninos", os marmanjos corruptos que transportam dólares na cueca ou nas maletas e que foram "desencaminhados", coitados, por bandidos comuns, talvez até (quem sabe?) "a serviço" de tucanos solertes. Lula tentou encobrir os crimes de sua quadrilha apelando para pretensos "crimes" de gestões anteriores, como barragem de CPIs, votos comprados, caixa 2 sem provas. Ele e os petistas se julgam donos de uma "meta-ética", uma "supra moral" que os absolveria de tudo e, por isso, Lula se utilizou de mentiras e meias-verdades para responder às acusações de mensalões e sanguessugas em seu governo. Para justificar a omissão e a passividade diante da Bolívia e do prejuízo de 1 bilhão e meio de dólares nas instalações da Petrobras, Lula chegou a criticar a violência burra do Bush para se absolver na política de "companheirismo" com o Evo Morales. Em vez de se defender de acusações pontuais, dizia que a era-FHC também era corrupta, como nas brigas de bordel, em que as prostitutinhas se defendem apontando os pecados das outras. Lula tentou fugir da pergunta que não vai se calar: "Qual a origem do dinheiro?".

Lula respondeu com a metáfora batida: "Muitas vezes o sujeito está na sala e não sabe o que está acontecendo na cozinha". Ou seja: é normal que o chefe da Casa Civil e agora o presidente do partido, Berzoini, Hamilton Lacerda, o chefe da campanha do Mercadante, o diretor do Banco do Brasil, seu assessor, seu churrasqueiro, petistas ativos no diretório, todos soubessem e trouxessem o dinheiro em malas, sem avisar o chefe. E quer que a gente engula. Lula pediu a Deus que não o mate "até que ele saiba de onde veio o dinheiro". A resposta óbvia é: "Não precisa perguntar a Deus; basta perguntar aos seus assessores na sala ao lado...", como escreveu a Miriam Leitão. Quando Alckmin o apertava, ele o desqualificava: "Meu Deus... como é que pode? Você está nervoso, Alckmin... Não é o seu estilo...", querendo trancar o desafiante em seu papel de gentil picolé. Diante do pedido de explicações, fugia, tentando abordar "questões programáticas" (como se ele as tivesse...), como se elas pudessem estar acima das "bobagens de crimes que sempre houve, de erros de companheiros" etc... Assim, tentou voar por cima da ética assassinada. Acontece que os crimes de sua quadrilha "são" a questão principal e também "programática" porque, além da imoralidade, esses crimes prefiguram uma política que visa atropelar a democracia através de grossuras truculentas que lhes mantenham no emprego a qualquer custo. Lula não pôde responder a pergunta fatal ("de onde vem o dinheiro?") porque sua origem é conhecida. Todos sabemos que o dinheiro veio de algum nicho onde está guardado para "despesas do partido", dinheiro desviado ou de fundos de pensão ou de estatais ou de bancos oficiais ou de contratos superfaturados. Todos eles sabem. Só falta o nome do dono da cueca ou das maletas. E, certamente, o advogado do governo não permitirá que saibamos até o dia 29. Tudo está óbvio. Neste momento perigosíssimo de nossa história, só resta esperar que o "povo" perceba o óbvio, já que os intelectuais jamais o enxergarão.
JORNAL O POVO - FORTALEZA Charge - Clayton - jornal o Povo

Alexandre, The Great disse...

Saramar.
Eu nunca votei neste pulha, bem como sempre percebi que era um tremendo enganador, além do fato de eu não ter muita paciência com bestas ao quadrado.
Sendo assim só pude ficar, desde outubro de 2002, a lamentar a decisão de alguns milhões de brasileiros (uns 3 ou 4) que fizeram a diferença naquela ocasião.
Me recordo bem que ao assumir o cargo em 1º de janeiro, o presimente já utilizou o parlatório do Planalto como palanque eleitoral, e a partir daí não abandonou mais a campanha, que ora atinge seu momento mais agudo.
Sendo assim, diante de tantos fatos que violam os direitos basilares de cidadania e os princípios morais e éticos familiares e cristãos, é que me tornei intolerante com esta corja que ocupa o poder.

Gostei do seu artigo, pois representa a remissão de muitos que também pensavam como vc.

Parabéns!

Suzy disse...

Sara, seu texto está perfeito!
Me pergunto até que ponto as pessoas querem trocar a CORRUPÃO CERTA pela "duvidosa".
Beijo