AINDA AS PRÁTICAS...

Imagem: Sergio Chvaior (editada)


Sobre estas "práticas democráticas" do post anterior, algumas obviedades me vieram ao pensamento, atrapalhando o meu domingo.

Primeiramente faltou falar da turma do curso de Direito (!?) criada pela Faculdade Alves Faria (AlFa), especialmente para o senador Marconi Perillo e esposa. Ah! as delícias do poder... Segundo o Ministério Público Federal, "ele tem uma sala de aula só para ele, professores só para ele, horário de acordo com a conveniência dele às segundas-feiras, sextas-feiras e sábado pela manhã, e ainda não fez vestibular. Isso é tratamento diferenciado". E como!!!

A faculdade justificou a turma especial por ser o seu aluno "famoso e carismático", o que criaria "tumulto na escola". Se a moda pega...

Sobre esse abuso, fiquei pensando: as "autoridades", assim como os animais irracionais só andam em bandos, como em uma exacerbação daquela antiga música: "aonde a vaca, digo, a autoridade vai, o boi, digo, os vassalos vão atrás. Imagino Marconi e consorte chegando à faculdade com dezenas de acólitos e puxa-sacos em volta.

Esta e outras "práticas democráticas" fazem pensar em uma epidemia que ataca as excelências, em geral. Trata-se do auto-esquecimento. As excelências todas se esquecem que foram eleitas para legislar para o bem do Estado e seus cidadãos e não para cuidar de suas vidas e ampliar vaidades, benesses ou fortunas pessoais.

As excelências esquecem que seu poder e sua transitória autoridade só existem e só têm sentido na medida do cumprimento do dever, ou seja, aquelas que se esquecem de sua missão perdem a legitimidade e o respeito, apesar de manter as vantagens pessoais.

No Brasil, essa doença parece ter recrudescido nos tempos de mensalões, aloprados e outras desgraças semelhantes. Nós, os cidadãos, precisamos lutar ferozmente (inclusive contra as ações do governo, hoje, inimigo público de quem não é companheiro dele) para conseguir qualquer melhoria nas condições de vida, dentro da lei e do respeito à ética. A atitude acintosa desses falsos representantes nos dá a impressão de que, ao adentrar a praça dos três poderes, o indivíduo imediatamente ultrapassa a linha que demarca os limites da vergonha na cara e se esqueça de tudo para só se lembrar de seus interesses pessoais.

Creio que é hora dos cidadãos começarem também a esquecer. Principalmente esquecer os nomes desses indivíduos no momento do voto.

7 comentários:

Anônimo disse...

Parece uma epidemia,SARAMAR: estão todos perdendo o bom senso.

Beijos e uma otima semana.

Alexandre, The Great disse...

Saramar.
Eu acredito que nos porões dos palácios de Brasília funcione, em cada um deles, uma "Faculdade do Crime": não é crível que pessoas oriundas das mais diversas regiões do país, das mais variadas famílias e formações culturais, se igualem na gatunagem, na mentira, no caradurismo e na perfídia quando cheguem ao Planalto Central. Somente através de um "curso intensivo ou lobotomia" podem se tornar tão cínicos e crápulas.

Um dia a Humanidade descobrirá, a exemplo de outras civilizações desaparecidas, as ruínas desta "Faculdade das Trevas".


Alexandre, The Great

@David_Nobrega disse...

Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem. Prefiro trabalhar pra minha chefe a ler jornal. Cansei, logo fodam-se todos.

Viu? Tbm posso ser nervosinho :D

Anônimo disse...

Esses nomes não devem ser esquecidos não... deviam ir prá praça pública, isso sim...
Um beijão e uma boa semana.

Anônimo disse...

Sara, nada mais me espanta,
o que me deixa muito, mas muito indignada é essa complacência popular

Unknown disse...

Saramar, há dias eu não aparecia por aqui, comecei lendo o post lá em baixo e fui subindo, estou sem forças, acho que é isso que a maioria sente, a perplexidade nos anestesia.

Socorro!

Anônimo disse...

NOTA À IMPRENSA

Ao matricular-me no curso de Direito da Faculdades Alfa, quis com isso realizar um sonho, dar um exemplo e deixar claro que não me bastaram os dois títulos de doutor honoris causa que muito me honram. O legado que quero deixar para as futuras gerações e para os que me são próximos é o de adquirir conhecimento ainda que a custa de sacrifícios. Recuso-me a seguir exemplos de outros homens públicos que se contentam apenas com os importantes diplomas conferidos pela Justiça Eleitoral.

Tenho a garantir minha pretensão de concluir o curso de direito o pronunciamento da Secretaria de Educação Superior do MEC, através da Coordenação Geral de Legislação e Normas do Ensino Superior (processo no. 23000.011787/2007/15) que analisou o projeto pedagógico da Faculdades Alfa e concluiu que ele está fundamentado na Constituição Federal e na LDB, que tenho freqüência integral às aulas e que o horário estabelecido (especial, em decorrência da necessidade imperiosa de compatibilização das atribuições de Senador da República, desempenhadas em Brasília, e a carga horária acadêmica estabelecida pela instituição de ensino superior) enquadra-se no âmbito institucional da faculdade. Por tudo isto, determinou que se arquivasse a representação, feita com o único intuito de impedir que eu estude.

Já fui aprovado em vestibulares, quando ainda mais moço, e cheguei a freqüentar cursos de ciências sociais, engenharia e direito. Dificuldades de toda ordem, inclusive financeiras, impediram-me que eu concluísse estes estudos àquela época.
Agora, deixem-me estudar.