A MORTE DE ITAMAR FRANCO

Com a morte de Itamar Franco, não perde apenas o congresso nacional. Ao país inteiro, falta um pedaço, um dos mais dignos e melhores pedaços.

O congresso nacional perdeu um dos últimos guardiões da ética, da sobriedade, do respeito aos cidadãos e ao espírito republicano. Estas expressões podem parecer frases feitas de obituários, mas não são. O ex-presidente Itamar Franco viveu e praticou a política movido pelo sentimento que estas expressões tão esquecidas, apregoam. Ele as defendeu e as vivenciou em todos os momentos. Quem, no congresso nacional brasileiro, seguiu seu exemplo?

Itamar, sim, é o verdadeiro representante do povo brasileiro, tanto no parlamento quanto no exercício da presidência da república: nunca se rendeu à vaidade, nunca usou o erário em benefício pessoal, nunca confraternizou com corruptos e lobos. E, last but not least, não criou oligarquias ou se aliou a barões oligárquicos, que tanto mal ainda fazem ao país.

O grande homem que sempre foi, nunca se curvou aos poderosos e teve coragem sempre de se opor aos seus aliados quando estes, em defesa do poder, desviavam-se dos compromissos políticos que haviam assumido. Foi assim com o famigerado Collor, com o vaidoso Fernando Henrique e com o falacioso Luiz Inácio da Silva.

O Brasil perdeu um dos últimos defensores da ética política. Neste cenário político em que o país se vê mergulhado há quase uma década, onde predominam a negociata, a chantagem, a corrupção, a mentira e o uso dos recursos públicos em benefício de países estrangeiros e até, de conglomerados particulares, esta é uma imensa perda.

O exemplo da vida e da atuação política de Itamar Franco deveria servir para os outros tantos parlamentares brasileiros. Infelizmente, ele foi considerado um excêntrico, neste triste país onde os honestos são “esquisitos”.

Por isso mesmo, o nome de Itamar Franco não deveria ser pronunciado por certos indivíduos: aqueles que praticam, na vida política, tudo o que ele repudiou, por palavras e ações.

Aliás, a mídia informa que, ao contrário de Itamar Franco que, nem depois de morto, usou o dinheiro público em proveito próprio, os senadores brasileiros, cegos e surdos às lições deste grande político, vão usar um avião da FAB para viajar a Minas Gerais. Vão aparecer no velório de um cidadão dos mais importantes, neste país, da luta pela ética, pela sobriedade e pelo respeito absoluto aos cidadãos que, ele sim, sempre representou. Cínicos!

Deus o receberá, Itamar, de braços abertos, como você merece.

2 comentários:

Tina disse...

Oi Saramar!

Parabéns por este e pelo post anterior: assino embaixo!

Gosto muito do seu modo de escrever e da linha de raciocínio clara e precisa, bom demais. E nem vou mencionar o quanto gosto e admiro o seu lado poeta... você sabe!

beijo grande querida, saudade também. Tenha uma ótima semana!

Um brasileiro disse...

Olá. Tudo blz? Estive aqui dando uma olhada. Muito intressante. Apareça por la. Abraços.