COVA SEM CRUZ


um artigo de Thomaz Magalhães

Uma foto, diz o dito, fala mais que mil palavras. Vejam a roupa, limpa, dos senhores aí. Roupa boa, barriga cheia. Sabem quem comprou a roupa deles? e lhes encheu a pança? Você. São os trabalhadores do "movimento" dos sem-terra. Estão "trabalhando", como mostra a foto. Arrombando cadeado de porteira. Trabalharam bem no carnaval. "Fizeram" umas quinze fazendas.

Viram o calçado do cara de camisa verde? Corão do bom, um desses não sai da prateleira de uma selaria por menos duns 30 reais. E o panão vermelho das camisas, não lhes parece artigo bom? Um pouquinho de sal na água quando lavar, e duram muito, com essa corzona firme. Você ajudou a pagar, também, parabéns. Calça boa, e olha a marreta, novinha, quase sem uso. É só pra arrombar cadeado, essa aí. Eita, bichona!

O pessoal do governador Zé Serra, não ele, que não falou nada ainda, disse que esses bandoleiros só serão recebidos em reunião, para tratar o que for, se saírem das fazendas. Falou mais. Ser for reunião para pedir dinheiro, vão pedir para o Lula e sua turma, que são seus amigos. Que gostam de vocês. Foi um secretário de Serra quem falou. Não vou ficar dando nomes e cargos, para poder contar mais, em menos espaço. Mas, paulista da gema que sou, também acho. Que peçam ao governo federal, que fomenta, protege, alimenta e veste os senhores aí. Reparem de novo neles.

Partindo dessa foto, você se imagine dono ou empregado residente dessa fazenda. E vê esses caras aí arrombando a porteira. Atrás deles uns cem jagunços. Não dá um medão? Quase igual ao da mãe do garotinho arrastado pelo cinto do carro no Rio? Menos? Vá lá, mas o que você faz? Os bandoleiros, dizem seus chefes, amigos de Lula, não estão invadindo a propriedade, após quebrar-lhe o cadeado abrir a porteira. Estão "ocupando". Então. O pessoal que está lá na casa que fique tranquilo. Os donos da casa, se estiverem fora, também. É como se uns caras arrombassem a fechadura de sua casa, entrassem, você viajando - no carnaval - e a polícia ou o noticiário informando, é tudo "pacífico", estão lá, na sua casa, na sala, nos quartos, vendo sua tevê, passando um café com seu pó, no seu fogão, com seu coador Melita. Olhando os seus porta-retratos. Pacificamente, tenderam?

Olhem para esses caras ai. Vejam o que eles estão fazendo. Pense se você chama o que estão fazendo pelo mesmo nome que eles, Lula e seus amigos. Olhem de novo a roupa deles. Provavelmente é melhor e mais nova que a do oficial de justiça da Comarca do Município onde está a propriedade. O que vai levar a ordem legal de retomada de posse. E que também pagou imposto para Lula destinar à compra de roupa para eles. Pelo "movimento".

Olhem outra vez para os bandoleiros dessa foto. O que eles estão fazendo, arrombando porteira, é um crime pavoroso - caipira, sitiante, interiorano e fazendeiro não conhecem o termo hediondo. A gente do sertão tem seu código. Há ladrão e ladrão. Ladrão de gado, por exemplo, é pior que ladrão comum. Como ladrão de galinhas, é mais fuleiro. Quem trabalha mesmo numa fazenda, e se for peão, só usa uma roupa bonita dessa para ir passear domingo. Em casamento e enterro. Sabe que fazer, manter e consertar cerca é trabalho árduo. Caro. Quem derruba uma cerca, arromba uma porteira, podem escrever aí, jamais será lavrador. Jamais será trabalhador da terra. Olhem esses caras ai. Eles não são lavradores.

Sabem o que esses caras aí da foto fazem nas propriedades depois que as invadem? Comem porco magro, matam vaca prenha, arrancam plantação, estouram cadeado de paiol, deixam aberto, soltam criação na lavoura, quebram ferramenta, fritam ovo chôco e mijam no poço. Isso não é gente. Em conversa por lá, o que se diz merecerem é tiro nas costas e cova sem cruz. Eu sei, sou de lá, do Oeste de São Paulo, casei com moça de lá, meus filhos nasceram lá. Meu pai de 81 anos mora lá. Olhem mais uma vez os caras da foto. Tenderam porque estou aqui escrevendo tudo isso? Porque eu sou de lá. E eles não são.

Clonado integralmente do excelente Trem Azul.

8 comentários:

Alexandre, The Great disse...

Saramar.

Texto honesto, sincero e doído... muito doído.
Só quem se põe no lugar do sitiante, fazendeiro ou chacareiro que labuta anos a fio numa terra para sustentar uma família e manter uma tradição poderá sentir o desabafo do autor como o seu próprio grito.
Como se defender disso aí?
Fazer como os fazendeiros do RS ou então cada um por si, não é mesmo?

Páginas Soltas disse...

Adorei ler o texto...
Como sempre, fico fascinada pela maneira como escreve..e descreve tudo e todos!

Uma fã da sua escrita...cá além-Atlântico!

Beijinhos da
Maria

Suzy disse...

Saramar, é o braço armado do lulopetismo.

Bjs

Anônimo disse...

Por mim, fogo neles. beijos

tunico disse...

Saramar, realmente o Thomaz tem ótimos textos no seu blog. Faz tempo que não vou lá ver.Devemos divulgar mais o blog dele.Ele está linkado no meu blog do UOL desde 2003 e esqueci de fazer o mesmo nos outros.

CAntonio disse...

Saramar,

Muito boa a "fotografia" do que está se tornando "essshhhtipaiizz": uma terra sem dono.

A entidade de um Ministro promovendo invasões.... Só no Brazil, zil zil, mesmo.


SDS

Anônimo disse...

Há muito tempo esse "movimento" deixou de ser social para virar terrorista. E tal qual o partido que era ético e agora é "pragmático", esse movimento dividiu-se em várias correntes, uma delas se dedica a destruir experimentos científicos e outra faz guerrilha urbana... devem ser tratados como bandidos... o problema é que, no Brasil, bandido recebe todas as benesses da Lei e ainda tem um monte de cretinos de ONG(s) a lhes exigir direitos humanos!

Anônimo disse...

é, que bom ter pessoas observadoras feito você, que de certa forma tira um pouco da máscara que rodeia as caras-de-pau dos caras-do-mal.GRANDE ABRAÇO!