CONGRESSO VIRTUAL, JÁ

Assistimos a tragédia nordestina sempre em torno da água, que atravessa os séculos, tantas vezes repetida, como se naquela parte do mundo fosse impossível alguma coisa mudar. Sem dúvida, os fatores geográficos explicam uma parte do que ali acontece. Porém, na base do sofrimento dos brasileiros do nordeste, está, na verdade, a desumanidade dos políticos, a falta de vergonha dos políticos, a desonestidade dos políticos, a monstruosa degeneração moral dos políticos brasileiros.

Enquanto as pessoas morrem, os políticos discursam e embolsam o dinheiro público com sanha semelhante à dos vampiros. Hoje, no Postura Ativa, Stella lembrou o ex-ministro da Integração Nacional que direcionou a maior parte dos recursos de sua pasta para a Bahia sem, no entanto, usá-las para prevenir a tragédia das águas em Salvador.

Enquanto as pessoas morrem, os políticos continuam embolsando o dinheiro público. O Congresso em Foco publicou, também hoje, que o senado da república vai votar (e aprovar, é claro) um plano de carreira de R$220 milhões!

Enquanto as pessoas morrem no nordeste brasileiro, o Postura Ativa mostrou que, em Alagoas, os deputados estaduais embolsaram, apenas entre janeiro e maio deste ano, quase R$6 milhões entre verbas de gabinete e subsídios (o que será isso?). O mais ávido deles chama-se Judson Cabral, abrigado, como não é de se estranhar, no Partido dos Trabalhadores, que recebeu aproximadamente R$255 mil.

Assim é gasto o dinheiro público, enquanto as pessoas morrem pela ausência total de ações do Estado para protegê-las, como é a obrigação legal dos governos.

Depois de ler estes absurdos, é de se questionar a necessidade de estruturas tão imensas e onerosas para abrigar o poder legislativo. Estruturas aliás, que servem para a prática de irregularidades (eufemisticamente falando) e abusos, como se viu no senado brasileiro, com suas diretorias virtuais e os respectivos salários bem reais.

Pensando nestes abusos cometidos por nossos “representantes”, na quantidade de horas que eles “trabalham”, nos três dias que eles gastam vindo a Brasília, na despesa que eles representam para o erário e, principalmente, na tecnologia a que eles têm acesso, sugiro que as casas legislativas brasileiras, que eu costumo denominar de mercado de peixes podres, sejam transformadas em casas virtuais.

Neste modelo, moderníssimo, os nossos lídimos (!!) representantes ficariam em seus estados de origem, em gabinetes pagos pelo salário que recebem e, as deliberações seriam efetivadas por conferências online. Assim, eles poderiam ficar livres para “atender as bases” como fazem de quinta a segunda feira.

Se assim for, a economia para os cofres públicos será tão significativa que seremos transformados em modelo para o resto do mundo, como sonha o líder amigo dos ditadores. Desapareceriam, imediatamente, os gastos escandalosos com passagens aéreas, com nepotismo disfarçado, com apartamentos funcionais, com carros oficiais, com assessores, etc.

O cidadão brasileiro que, para realizar as tarefas exigidas pelos cargos que ocupam, não recebem nada além que o salário (comido pelos impostos), agradeceria. E o país, ah! o país, este respiraria aliviado, por não ter que sustentar tantos inúteis “representantes” tal como ocorre hoje.

Alguém consegue fazer a conta do quanto seria economizado?

4 comentários:

Unknown disse...

Grande idéia, Saramar!

IVANCEZAR disse...

Voce sabe da admiração que tenho por ti e pela qualidade dos textos que escreves, com muito talento e impecável metodologia. Permita-me,contudo, dizer algo que é muito difícil de ser dito ... não são os "políticos brasileiros" , porque político em geral , tanto aqui como "lá fora" não inspiram muita confiança. Para um político se corromper basta a oportunidade ... Veja - na China corrupção é punida com MORTE ( tiro na testa ) e mesmo assim existe ... idem nos EUA , na França , na Argentina, etc, etc .

O que SIM faz a diferença é a PASSIVIDADE do nosso povo. O que SIM faz a diferença é reconhecer que nosso MODELO de sociedade está corrompido . As grandes redes de TV exaltam e tratam como celebridades personalidades decadentes que migraram para o terrível e baixo mercaodo da pornografia. São tratadas como "estrelas" .

Ah , sim temos o tráfico de drogas ... sustentado por uma elite que cheira pó ... essa é a verdade !!

Temos um Poder Judiciário SATURADO por demandas de consumidores que estão sendo EXTORQUIDOS pelas empresas que dirigidas pelas elites empresariais FAZEM E ACONTECEM, inspirando os "menores empresários" a igualá-los nos maus exemplos .

Bancos e empresas de "factoring" praticando USURA com taxas slvagens de 8% , 12 % AO MÊS - Um dos ÚNICOS países do mundo ocom essas "taxas" ....

Temos setores da iniciativa orivada controlados por MONOPÓLIOS como, por exemplo, os transportes coletivos que aqui no Rio Grande do Sul foram "loteados" para meia dúzia de "gandes" empresas que, como convém, SUSTENTAM políticos viciados ....

Então, creio que os políticos são só o resultado lógico disso tudo. Da ausência do debate político sério e , sobretudo, ausência de uma mídia comprometida com o que realmente importa, e não com pornografia, violência e futilidades que hoje dominam mais de 90% do horário NOBRE.

Me perdoe ter me alongado e apareça em IVANCEZAR !!
Beijos sulinos !!

Ari disse...

É muito para a minha cabeça...
Além de tudo que foi postado e comentado ainda tem a bitola da ideologia do "capitalismo de estado", por onde a composição trafega. Onde os "operadores" são cada vez mais os políticos, e cada vez menos os empresários. Convergência e concentração de poder. O que está em jogo é cada vez mais, e perder, cada vez mais inaceitável. O resto, às favas, por na prática não haver alternativa.
A sociedade precisa resgatar seu poder. Impor disciplina. Precisa de operadores políticos que, uma vez designados, não sucumbam à lógica interna de uma estrutura que se vê como detentora de um poder que lhe foi alienado. A sociedade não pode abrir mão de mecanismos efetivos de comando e controle do processo. E esse mecanismo, está cada vez mais claro, não consiste em eleger seus representantes para um mandato fixo, e pelas regras vigentes. Isso perdeu a eficácia. É preciso corrigir.
Movidos apenas pelo bom senso, talvez estejamos caminhando para a constatação da inaplicabilidade, para as circunstâncias específicas de nosso país, do sistema democrático tal como ele está disposto. Observo, principalmente, que sua principal vantagem, a da legitimidade capaz de equacionar e atenuar as divergências mais acerbas, entre nós também se perde, fachada construída artificiosamente por quem não admite outra disposição que não a sua, e nem que a sociedade possa querer escolher outra.
É provável que uma ruptura seja necessária para que as coisas possam retornar ao seu eixo natural. Nenhum democrata deseja isso, deliberadamente. Mas é preciso antecipar os desdobramentos previsíveis, e agir enquanto é tempo.
A condição mesma da continuidade do processo é a reafirmação, pela sociedade, de sua ascendência.
Se nossa sociedade não for capaz disso, terá que arcar com as consequências.
Desculpem, Saramar e comentaristas, eu não poder ser propositivo nesse momento. Creio que a intercomunicação total desses novos tempos será determinante para que se estabeleça um sistema político menos engessado, mais fluido, e que nosso povo se qualifique para dele participar com autonomia.

Anônimo disse...

Amiga Saramar, sua idéia é ótima pois faríamos uma grande economia e a presidência da república saberia como empregar "adequadamente" esse dinheiro economizado.
Também tenho uma idéia, quer ver esse país se tornar sério? Cargos eletivos não mais serão remunerados, não haverá verbas para absolutamente nada, não existirão carros oficiais para levar cãezinhos de porras loucas para passear, não haverá passagens aéreas grátis não haverão mais assistentes de gabinetes etc...etc...etc. Os representantes do povo só teriam que se candidatar por ideologia, por amor ao seu compatriota mas...sabe quando isso vai acontecer? Nem em mais dois mil anos. Sonhos são apenas sonhos!