UM TEXTO DE WALDO LUÍS VIANA*
Marquetólogo é Flórida! E não só isso, é "up to date" e se for do PT, "the right man in the right place". Americanizado, apela à inteligência emocional, que nada ainda significa, num mundo que privilegia o dinheiro acima de todas as coisas.
Enfim, tal classe de senhores, exibindo algum humanismo, procura interferir na política, tornando-a espetáculo digno de ser visto. Vejam os exemplos clássicos de Mitterand que, após perder três eleições, serrou os caninos para suavizar a imagem, aconselhado por seu marquetólogo. Assim, também, o conselheiro de Bill Clinton, que cunhou o personagem a partir da origem de menino pobre, andarilho de rua no solo esquecido de Arkansas...
A crise sistêmica do governo Lula e do PT, conhecida por todos e produzida mediante sucessão interminável de gafes, escândalos e tragédias, solicita, sem dúvida, o auxílio dessa classe de iluminados senhores!
Reúnem-se, então, secretamente, e, num "brainstorming" sofisticado, concebem uma cortina-de-fumaça quase definitiva: desviar a atenção e a fúria da opinião pública (para eles quase toda comprometida com "a direita") para a discussão "subliminar" de um terceiro mandato, como se
o fenômeno "Chávez" pudesse ser transplantado para cá, dada a esterilidade desértica dos nomes postos à sucessão do presidente.
Lula, nessa altura, é Lincoln, um pai da pátria. Sustentado pela finança internacional e pelo bolsa-família aqui dentro, o presidente vai vencendo as águas turvas, sem ser tocado por qualquer sombra de dúvida: não sabe nada, ou de nada, mas é bem intencionado...
Que tal fingir então que ele é a solução, que merece "mais quatro anos"? Assim, em manobra diversionista, o núcleo duro de marketing do governo vai ocupando com a "Campanha do 3" a solidão atenta dos opositores, carentes de crises e notícias conspiratórias.
A campanha - todos perceberam - não é sobre a Santíssima Trindade ou o protagonismo simbólico de alguma sociedade secreta...
"Vamos instaurar a confusão nas hostes oposicionistas com a pantomima do terceiro mandato!". A ordem subliminar, prontamente detectada, desmonta os esquemas ditos críticos dos movimentos contra o governo. Já não existem mais o apagão aéreo, as vítimas da GOL e da TAM, as falcatruas da INFRAERO e as incursões pirotécnicas da Polícia Federal contra as tradicionais quadrilhas, com suas imagens e escutas prontamente repercutidas na Rede Globo.
"Agora vamos ocupar esses desocupados com o medo do terceiro mandato!". Afinal, se o Brasil disputa o direito de fazer a Copa do Mundo em 2014 ou a Olimpíada, em 2016, porque não estender o poder presidencial, num próximo Estado Novo?
Antigamente, Getúlio Vargas referia-se, em seus discursos, ao seu "curto período de governo" e, mais recentemente, Lula, após cansativa viagem à África, afirmou que fora lá para aprender como ficar 37 anos ininterruptos no poder, como um de seus colegas de uma republiqueta centro-africana.
Lula como todos os outros, não quer largar o osso. "O poder é afrodisíaco" - dizia o seu mentor, general Golbery. "O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente" - formulava Lorde Acton, o aristocrata inglês. Se falta a Lula estofo, sobra-lhe vontade...
Pois bem. Os marquetólogos são a vontade de comer (sem trocadilhos, por favor!). Regem-se pelos inarredáveis propósitos de ganhar dinheiro. O poder pode ser mantido ou invadido por quem quiser, desde que se alimentem do seu prato até a indigestão...
Assim foi arranjado o protetor de tela para a crise. Lula lança-se ao terceiro mandato, "antes seja para ti do que para algum desses aventureiros" - vaticinava D. João VI, enquanto a turba ignara e interesseira, que pensava poder ganhar a eleição se o presidente sangrasse, vai examinar, com toda profundidade, esse balão de ensaio sem nenhuma aderência ou vínculo com a sociedade. Atrás do séquito de detectores de conspirações, vão os incautos da Internet, como rebanho bonitinho, falando a mesma coisa e retransmitindo e-mails. Uma espécie de intoxicação com o próprio veneno...
Como o Judiciário só olha para trás, o Legislativo só pensa em surrupiar o presente, resta o Executivo para ser criativo e lançar moda para nosso futuro pântano político.
Assim, os marquetólogos (ou marqueteiros) movimentaram os ofendidos com a ameaça do terceiro mandato, prevendo a reação das peças em nosso perturbado xadrez político. E estão sendo, até agora, muito bem sucedidos...
Quem viver, verá!
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*Waldo Luís Viana é escritor e economista.
Enfim, tal classe de senhores, exibindo algum humanismo, procura interferir na política, tornando-a espetáculo digno de ser visto. Vejam os exemplos clássicos de Mitterand que, após perder três eleições, serrou os caninos para suavizar a imagem, aconselhado por seu marquetólogo. Assim, também, o conselheiro de Bill Clinton, que cunhou o personagem a partir da origem de menino pobre, andarilho de rua no solo esquecido de Arkansas...
A crise sistêmica do governo Lula e do PT, conhecida por todos e produzida mediante sucessão interminável de gafes, escândalos e tragédias, solicita, sem dúvida, o auxílio dessa classe de iluminados senhores!
Reúnem-se, então, secretamente, e, num "brainstorming" sofisticado, concebem uma cortina-de-fumaça quase definitiva: desviar a atenção e a fúria da opinião pública (para eles quase toda comprometida com "a direita") para a discussão "subliminar" de um terceiro mandato, como se
o fenômeno "Chávez" pudesse ser transplantado para cá, dada a esterilidade desértica dos nomes postos à sucessão do presidente.
Lula, nessa altura, é Lincoln, um pai da pátria. Sustentado pela finança internacional e pelo bolsa-família aqui dentro, o presidente vai vencendo as águas turvas, sem ser tocado por qualquer sombra de dúvida: não sabe nada, ou de nada, mas é bem intencionado...
Que tal fingir então que ele é a solução, que merece "mais quatro anos"? Assim, em manobra diversionista, o núcleo duro de marketing do governo vai ocupando com a "Campanha do 3" a solidão atenta dos opositores, carentes de crises e notícias conspiratórias.
A campanha - todos perceberam - não é sobre a Santíssima Trindade ou o protagonismo simbólico de alguma sociedade secreta...
"Vamos instaurar a confusão nas hostes oposicionistas com a pantomima do terceiro mandato!". A ordem subliminar, prontamente detectada, desmonta os esquemas ditos críticos dos movimentos contra o governo. Já não existem mais o apagão aéreo, as vítimas da GOL e da TAM, as falcatruas da INFRAERO e as incursões pirotécnicas da Polícia Federal contra as tradicionais quadrilhas, com suas imagens e escutas prontamente repercutidas na Rede Globo.
"Agora vamos ocupar esses desocupados com o medo do terceiro mandato!". Afinal, se o Brasil disputa o direito de fazer a Copa do Mundo em 2014 ou a Olimpíada, em 2016, porque não estender o poder presidencial, num próximo Estado Novo?
Antigamente, Getúlio Vargas referia-se, em seus discursos, ao seu "curto período de governo" e, mais recentemente, Lula, após cansativa viagem à África, afirmou que fora lá para aprender como ficar 37 anos ininterruptos no poder, como um de seus colegas de uma republiqueta centro-africana.
Lula como todos os outros, não quer largar o osso. "O poder é afrodisíaco" - dizia o seu mentor, general Golbery. "O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente" - formulava Lorde Acton, o aristocrata inglês. Se falta a Lula estofo, sobra-lhe vontade...
Pois bem. Os marquetólogos são a vontade de comer (sem trocadilhos, por favor!). Regem-se pelos inarredáveis propósitos de ganhar dinheiro. O poder pode ser mantido ou invadido por quem quiser, desde que se alimentem do seu prato até a indigestão...
Assim foi arranjado o protetor de tela para a crise. Lula lança-se ao terceiro mandato, "antes seja para ti do que para algum desses aventureiros" - vaticinava D. João VI, enquanto a turba ignara e interesseira, que pensava poder ganhar a eleição se o presidente sangrasse, vai examinar, com toda profundidade, esse balão de ensaio sem nenhuma aderência ou vínculo com a sociedade. Atrás do séquito de detectores de conspirações, vão os incautos da Internet, como rebanho bonitinho, falando a mesma coisa e retransmitindo e-mails. Uma espécie de intoxicação com o próprio veneno...
Como o Judiciário só olha para trás, o Legislativo só pensa em surrupiar o presente, resta o Executivo para ser criativo e lançar moda para nosso futuro pântano político.
Assim, os marquetólogos (ou marqueteiros) movimentaram os ofendidos com a ameaça do terceiro mandato, prevendo a reação das peças em nosso perturbado xadrez político. E estão sendo, até agora, muito bem sucedidos...
Quem viver, verá!
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*Waldo Luís Viana é escritor e economista.
5 comentários:
Interessante este texto Saramar. Uma análise bastante real dos bastidores do palco do poder. Abraços.
Vou lançar a campanha "Eu quero outro político pra sacanear, já"
Olá!!
Estou passando por aqui para dar meus parabéns
pela sua indicação, ao prêmio blog 5 estrelas!
Seu blog é muito original, parabéns 2x!
rsrs...
=]
Estou com Ricardo,vou participar da campanha..Saramar, sei la o que dizer..e tao complicado as coisas no Brasil.eu nunca votei no Lula.
Pois é. Enquanto nós nos preocupamos com a tragédia, "eles" se preocupam em como melhor manejar seus resultados. A tragédia não é "deles", é "nossa". Duas vezes nossa.
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